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23/12/2006
Retratos das Misericórdias
A saga de Maurício Gonçalves Costa, de São Lourenço da Mata

A saga de Maurício Gonçalves Costa, de São Lourenço da Mata

The tale of Maurício Gonçalves Costa, from São Lourenço da Mata 

Henrique S. Ivamoto

 

Aos dez dias de junho de 1942, veio ao mundo Maurício Gonçalves Costa, numa casa da colônia de funcionários da usina de açúcar Cansanon de Simimbu, fundada há séculos por invasores franceses, no atual município de São Lourenço da Mata, Pernambuco. Ainda criança, começou a labutar na usina, posteriormente adquirida por José, patriarca do poderoso clã  Ermírio de Moraes, passando a chamar-se Usina Tiúma. O novo proprietário elogiava o trabalho do jovem Maurício e este, por sua vez, servia-lhe o que muito apreciava, caldo de cana moído na hora com um pedaço de pão doce feito na cooperativa dos operários. Vez por outra, era surpreendido com uma polpuda gorjeta de dez mil réis. O dedicado e jovem operário foi enviado por José para estudar no Laboratório Tecnológico de Recife, onde concluiu o curso para laboratorista. Retornando à usina, passou a exercer a nova função, analisando o caldo da cana e colaborando na produção de açúcar. Antônio, estudioso filho de José, foi enviado para os Estados Unidos, onde cursou metalurgia na Universidade de Colorado. Com o falecimento do patriarca e a venda do empreendimento, Maurício passou a trabalhar na usina da Companhia Agrovale do Curu, em Fortaleza.

 

Após longo noivado, Maurício casou-se, mas logo enviuvou. Após alguns anos, conheceu sua segunda e atual esposa, Josefa, carinhosamente chamada de Zefinha, natural de Umbuzeiro, Paraíba, com quem resolveu tentar a vida no estado de São Paulo. Passaram inicialmente pela fria Itapecerica da Serra, fixando-se logo em Cubatão, onde chegaram em 7 de maio de 1974.  Trabalharam inicialmente na área da Cosipa, onde Josefa tornou-se encarregada da Companhia Riga e recebeu o certificado de melhor encarregada da área. Durante alguns anos, Maurício passou a viajar para o Ceará, onde comprava peças de roupa confeccionadas por artesãs e as revendia em Cubatão. Tendo acumulado uma poupança, abriu uma pastelaria, a Alvorada, na rua Manoel Jorge, onde trabalha até hoje, com a ajuda dos familiares. Maurício e Josefa criaram seus filhos, alguns adotados ao longo da vida.

 

Juntamente com o distinto colega Nilton Augusto Gomes - consagrado mestre da Ginecologia Misericordiana e Presidente da Comissão de Ética Médica da Santa Casa da Misericórdia - tivemos o prazer de conhecer Maurício e seus familiares em nossas atividades médicas nesse hospital. Por sugestão do humanitário Nilton, Maurício e sua esposa passaram a colaborar com uma centenária entidade filantrópica, o Anjo da Guarda, mantida por um centro espírita, que abriga dezenas de crianças carentes e suas mães, da região do centro velho de Santos.

 

A história de vida do casal Maurício e Josefa, com suas dificuldades iniciais, trabalho, lutas e superações, lembra a de milhares de migrantes e imigrantes, que deixaram terras distantes, trazendo na bagagem apenas fé e coragem, fixando raízes em solo paulista onde, através do seu trabaho, diversidade de conhecimentos e boa índole, têm dado sua contribuição para o desenvolvimento material, cultural, social e humano de São Paulo.

 

  

      Defronte à Alvorada, Cubatão, em dezembro de 2006

 



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